É crescente o número de pessoas que hoje “se atualizam” pelo WhatsApp, como se ele fosse um oráculo das verdades diárias da vida e do mundo.
Textos inventados com suprema habilidade para influenciar e criar o que seria uma "pós-verdade", uma verdade manipulada de acordo com os próprios interesses.
Resolvi procurar constatar a veracidade de alguns textos atribuídos a personalidades de nossa imprensa e da nossa literatura. Falei diretamente com algumas pessoas mencionadas como autoras e todas afirmaram categoricamente: “Este texto não é meu”. Uma delas foi nosso querido Professor Pasquale Cipro Neto, que tem textos viralizados com sua “autoria”. Sem contar os alardes políticos e notícias falsas, que as pessoas compartilham sem ao menos terem um mínimo de bom senso.
Mario de Andrade, Clarice Lispector, Mario Quintana, entre outros, nunca produziram tantos textos vindos do além “psicofalsificados”.
Só pelo fato de receberem algo pelo WhatsApp já acham que é verdade.
Estamos nos deixando levar por um caminho inverso ao da cultura das informações. Quando se consultava a Barsa, tínhamos certeza de uma informação de fonte segura, mas o WhatsApp não é a Barsa. Estamos perdendo a noção da verdade e nos deixando levar por fatos inventados sem o menor compromisso com a ética. Nem o Papa Francisco escapou de lhe atribuírem uma homilia que ele não proferiu.
Quando as pessoas perdem a noção do justo, do certo e da verdade, tornam uma nação refém de manipuladores, árduos em conduzir pessoas por caminhos sem volta. Estamos numa era de compartilhamento da ignorância, paradoxalmente em um tempo em que o conhecimento nunca esteve tão disponível.
Cesar Romão
Escritor e Palestrante